Nosso tempo junto
/Hoje saímos por aí de mãos dadas, eu e meu menino. Ele poderia ter seguido sua rotina na creche, que nessa época tem atividades diferentes, que ele adora, e eu poderia ter ficado presa em casa, nas minhas mil atividades de mãe-dona-de-casa-profissional-liberal, e teria sido uma tarde feliz, muito produtiva, mas fizemos diferente. Eu podia ter incluído no passeio o pequetito, seria uma aventura completa, mas hoje não. Ele foi pra creche, brincar com os amigos - e na semana que vem será a vez dele. Podíamos esperar o dia em que meu marido pudesse também nos acompanhar, dividir com a gente as alegrias de um programa em família, mas hoje saímos por aí de mãos dadas somente eu e meu menino.
A alegria disso começou ainda na semana passada, quando tive essa ideia e fizemos um combinado. Ficamos felizes assim, só de saber, tipo o pequeno príncipe, sabe? “Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz.” Hoje cedo, pouco depois de acordar, no meio da confusão “tira o pijama, escova o dente, vem tomar seu leite”, ele me pediu um abraço, num tom meio emotivo, e quando eu perguntei o que houve, ele disse baixinho “hoje é o nosso dia”. Durante toda a manhã, se eu olhasse pra ele e fizesse o olhar durar pelo menos dois segundos, ele sorria e esfregava as mãozinhas uma na outra, comemorando o porvir.
De tarde, quando o irmão e o pai foram cumprir suas agendas, fomos ao cinema, lanchamos juntos, mas isso não é o mais importante. Eu deixei o celular na bolsa, não fiz fotos pra provar (não queria correr o risco de me deixar interromper por mensagens e notificações), mas tenho na minha memória o sorriso dele. Fomos andando pro cinema, sem pressa, com um solzinho leve de inverno sobre a gente, e ele me contou coisas que eu não sabia sobre a escola, apontou prum carro azul que passou me dizendo “acho lindo esse azul, quando crescer vou procurar um carro assim pra mim”, e concordou que a gente não devia comer pipoca no cinema, “pro lanche ficar mais gostoso depois”.
Lá pelas tantas, me falou sobre o medo que ele estava de experimentar um brinquedo novo, “porque precisa equilibrar, sabe?”, e eu falei com ele sobre o quanto era importante tentar, porque equilíbrio é uma coisa que a gente só tem se conhecermos os limites, e a hora de aprender é essa, "eu seguro a sua mão". E aí, sem mais nem menos, me perguntou se eu estava bem. “Heim?” “Quero saber se você está feliz que nem eu…” Ah, se ele soubesse como andam juntas essas coisas…