Bom dia, pro resto da vida

- Irmão? - perguntou o bebê, com as sobrancelhinhas arqueadas, assim que ouviu um barulho vindo do quarto. Ele estava há mais de hora brincando na sala, só com a mamãe, “porque o irmão ainda está dormindo, tá?” Tinha, milagrosamente, respeitado o pedido de silêncio.
- Sim, amor, acho que ele acordou. Vamos lá?

Ele partiu correndo para o quarto, fez duas ou três curvas instáveis, chutou os carrinhos pelo chão, e chegou inteiro ao lado da cama do irmão.

- Bom-dia! - disse o menino, sorrindo com a visita matinal.
- Bom-dia! - respondeu o bebê, eufórico e aliviado, feliz e cheio de expectativa...
- Vem cá, me dá um abraço!

O pequetito tirou os crocs e atendeu ao pedido tão pronta e energeticamente que a mãe temeu um acidente, por um segundo ou dois. Eles demoraram no abraço, quase vazaram no pé da cama, e tudo o que se via era um emaranhado de braços, mãozinhas e uns poucos fios de cabelo.

- Mãe! - chamou o menino, enquanto buscava uma trégua para respirar - Quero ficar nesse dia pro resto da minha vida!

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