O nosso abraço
/A mãe abriu os olhos, esticou o braço, procurou o criado-mudo, achou o celular. 7h43. Lembrou da tosse do pequetito, o insistente som da madrugada que, por algumas horas, tinha lhe impedido de cair no sono pra valer, feito pedra. Passou! Dormiu! Ele dormiu até agora e ainda dorme. Esticou as pernas, pensou se era o caso de dormir mais, ouviu o barulho do marido no banheiro, lembrou do café, sentou.
Segunda-feira. Depois de intensas 48 horas com eles, sem trégua, sem descanso, começavam ali mais cinco dias úteis. Café da manhã, brincadeiras, passeios, beijos, escola, natação, a casa da vovó, mais beijos, a guerra do almoço, a guerra do banho, um abraço bem apertado, a guerra do sono… Mas eles ainda estão dormindo!
Foi andando até a cozinha. No caminho fica o quarto dos meninos, e é sempre bom dar uma olhada, cobrir, torcer pra esticarem mais um cadinho. Com sorte, vai dar até pra tomar caf... Ué, espera, cadê o pequetito? Ali, ali, os dois…
- Mãe?
- Filho! Por que o seu irmão tá aí? Fala baixinho, ele tá dormindo…
- Não sei, ele veio pra mim. Acordei e ele estava aqui.
- Aí?
- Sim, dormindo em mim, no meu abraço...
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