Meu melhor amigo

Pelo vidro da janela entrava aquele sol suave, sereno, típico de junho. O neném interagia, em todas as suas possibilidades, com sua nova descoberta: o espelho retrovisor. Monossílabos ditos em alto e bom som, mãos e pés entusiasmados e muito sorriso no rosto. Ele ria alto. A mãe, sorrindo de volta, perguntou pelo prazer de perguntar:

- Está feliz, né, amor?

O neném sorria mais. E o menino observou:

- Viu, mãe? Ele aprendeu a gostar de andar de carro!
- É mesmo! Viu só? Ele chorava tanto no começo…
- É por causa da música!
- Por causa da música?
- Sim, a que toca aqui no carro. Música ajuda todo mundo a ficar calmo… Não é, neném?

O neném ainda sorria.

- O que ele disse, filho?
- Disse que sim…
- E você? 
- Eu?
- Você acha bom ele parar de chorar?
- Sim!
- Por que?  - ela perguntou, esperando por algum desabafo típico de quem, aos 3, precisa conviver com o choro às vezes estridente…
- Porque ele é meu melhor amigo, mãe. E eu quero ver ele calmo e feliz!