Era só amor...
/Aos poucos, foi se instalando ali uma daquelas situações com potencial para estressar até o mais calmo dos cristãos. Excepcionalmente sem o pai, o dia terminaria na casa da avó. O menino e o bebê cansados, a mãe exausta, e o controle do portão da garagem pifado. Não abre. A avó vai buscar solução, e no carro a mãe torce para que o retorno seja rápido.
O bebê chora a plenos pulmōes. Não quer ficar na cadeirinha, não quer bico, não quer brinquedo. O menino leva com a paciência possível aos 3 anos.
- “Por que a gente está parado aqui? Por que o portão não abre? Por que o controle estragou? Por que a vovó saiu? Por que ela foi buscar ajuda? Por que foi pedir pro vizinho? Por que o vizinho talvez ajude? Por que é melhor a gente esperar no carro?” - todos os porquês em um minuto.
E o bebê em prantos. A mãe estende a mão pra alcançar o banco de trás, tenta, conversa, canta! “Buááááá’”, é a resposta que vem. Dez longos minutos.
- “Filho, tive uma ideia. Vou tirar seu cinto, e você conversa com seu irmão, tá?”
-”Tá”.
Dois cliques depois, o menino desce da cadeira e chega o mais perto que consegue do bebê conforto. Não fala nada; sorri e faz carinho.
Silêncio.
- “Ele só precisava de um pouco de amor, mãe. E eu sou o amor dele, sabia?”