A tal da felicidade
/Tem gente que quer ir pra Disney, ou levar a garotada toda pra uma temporada de esqui em alguma montanha fina mundo afora. Não que eu não queira... Iria também numa boa pra um resort qualquer e ficaria brincando com as crianças na piscina e vendo o mar, lindo, por dias e dias.... Mas vínhamos pra casa, um dia desses, no clima agitado típico de fim de tarde de uma cidade relativamente grande, e os meninos estavam no banco de trás. Não estávamos de férias. Cada um segurava um balão amarelo que tinham ganhado por causa do aniversário de um coleguinha da escola, e dali, de um combinado que eles mesmos fizeram sem que tivessem dito uma palavra, começaram a brincar um com o outro. O bebê não conseguia manter a bola de soprar na mão, mas isso era motivo de alegria porque, a cada vez que ela caia, o irmão tentava pegar, e eles riam! Gargalhavam! Eu e meu marido decidimos baixar o som do carro para ouvir aquele barulho. E levarmos ele conosco, pra quando os ruídos do mundo forem outros...
Ontem, uma amiga do trabalho me mostrou sua dose de felicidade do dia: o dente do German caiu! Eu e ela tivemos um duro dia de trabalho, depois de uma boa dose de expectativas frustradas, como é tão comum nesta nossa vida de adulto. Mas, vejam só: o fluxo da vida segue firme e forte! O dente caiu, e ele quis contar pra ela num bilhete, onde achou que cabia também uma declaração de amor. Ela, a minha amiga, não está num resort, nem comprou um carro novo, e acho que nem uma blusinha nova, já que trabalhou o dia inteiro, mas ganhou o dia, em meio a dias tão difíceis…
É um exercício pesado. A gente tem, a todo tempo, dezenas de motivos pra se irritar, se chatear, se entristecer até, e respeitar esses sentimentos é uma questão de sobrevivência. Eu ando uma pilha, quem cuida de criança sabe a dureza que é. Mas a tal da felicidade não está e não pode estar longe. Pode ser que esteja num balão amarelo, ou num bilhete escrito num papelzinho qualquer. Olhos abertos.