Eu sou aquela mãe

Ryan McGuire/Gratiosgraphy

Ryan McGuire/Gratiosgraphy

Sabe aquela mãe em quem você bate o olho e pensa “ih, coitada... tá puxado”? Aquela, pra quem você olha no supermercado e não consegue deixar de pensar que, “gente, precisa dar um jeito nestes meninos!”? Pois é, eu sou aquela mãe! Sou aquela pra quem eu olhava há uns tempos atrás e pensava que, “poxa, basta um pouco mais de tato, né? Será que ela não conhece os filhos que tem?” Agora -  com um menino de 1 ano que descobriu que pode andar e quer colocar a mão em tudo o que existe (e talvez até no que não existe) e um outro de 4 anos tagarela articulado fã dos Vingadores e que acha o irmão uma coisinha fofa a quem deve apertar enquanto ensina o poder das cordas vocais -, eu sou aquela mãe.

Eu já vinha desconfiando que meu papel tava mais pro da mãe descabelada há algumas semanas, mas em pleno janeiro, férias na escola, eu já não tenho mais dúvidas. Hoje fomos todos no shopping tentar resolver uma questão com nossa operadora de celular (piada pronta) e vi, na cara dos outros, a confirmação. “Eles são tão alegres, né?”, alguém pergunta dali. “Se a senhora quiser levar esse folder e ler outra hora…”, sugere uma moça. "Será que ele quer um biscoito"?, tenta ajudar uma outra... 

Eu tenho lindas coisas para dizer sobre ter dois filhos. Algumas eu já disse aqui, e outras tantas, tenho certeza, estarei pronta pra dizer amanhã, depois de uma boa noite de sono, ou no mais tardar em alguns meses, quando o risco de o bebê esborrachar no chão diminuir um pouco. Agora, digo o seguinte: é mais difícil do que parece. Não é trabalho dobrado. É trabalho entrelaçado. Não é como se você tivesse jornada dupla. É como se você trabalhasse no açougue e na farmácia, sem horário de almoço, e enquanto procura o antibiótico da Dona Maria alguém berrasse dizendo que você precisa atravessar a avenida e ir lá cortar a carne do Seu Zé. E depois voltar correndo, porque a dona Maria é impaciente. 

Não é fácil pra ninguém, e sei que algumas misturas - de gênios, de momentos, de histórias - podem ser mais explosivas que outras, e também sei que o cansaço altera nossa percepção do mundo. Aqui em casa temos dito muito que essa escolha - de cuidar de duas crianças - é tão trabalhosa quanto maravilhosa. Assim sendo, dá pra se ter uma ideia do tamanho das maravilhas, não dá?

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