Dorme, pelo amor de Deus!
/Toda mãe tem um calcanhar de Aquiles, um ponto fraco… Tem gente que não tem paciência para dar comida, tem gente que não curte o pacotão infinito de perguntas, tem quem não suporte o passeio de carrinho. (E tem também quem não tem paciência nenhuma, pra nada, mas aí é outra história.) Eu não tenho paciência para fazer dormir. Eu começo bem, eu tenho estratégias, conheço a teoria, mas se passa um pouco dos 20 minutos que eu tinha imaginado (sonhado) eu tenho até coceira de tanta vontade de jogar tudo pro alto.
Meu bebê tem dado trabalho pra dormir, e eu não sei se ele tem dado trabalho porque eu não tenho paciência ou se eu estou sem paciência porque ele tem dado trabalho. Vai saber. O fato é que, quase toda noite, me preparo mentalmente e juro que ficarei numa boa - calma, serena, adulta - mas a cena se repete: ele faz que cochilou, eu dou aquela ajeitadinha, dois passos pra trás, e ele se vira pra mim, aceso de tudo, e diz alguma fofura do tipo: “mamãe, dê mimi? Miu!”, que se traduz por “mamãe, cadê minha chupeta pra dormir? Sumiu!”. Ou, numa versão menos charmosa, abre o berreiro. E lá vamos começar tudo de novo. 40 minutos, 55 minutos, 1h10… Tem gente que vai dizer que podia ser pior, porque depois ele dorme (praticamente) a noite inteira, e eu vou dizer que, depois de um dia cheio de trabalho e de colo, morrendo de fome, louca pra ir no banheiro, e querendo muito honestamente até fazer um post bacana pro blog antes do relógio acusar que o dia acabou, tô nem aí se podia ser pior. Mas, ok, podia ser pior…
Sei que minha impaciência não ajuda nem um pouco, e enquanto eu faço carinho, danço, canto musiquinha e até imito sons da natureza (pois é), fico pensando o que eu podia fazer diferente. Que tipo de energia eu passo pro bebê quando eu fico sonhando pra que ele, pelo amor de Deus, tenha lindos e imediatos sonhos? A verdade é que desde que nasceram, meus filhos, cada um do seu jeitinho, trabalham lindamente para que eu supere os meus limites. Pra que eu melhore. Ciente disso, dou uma cambalhota mental e me viro de cabeça pra baixo na tentativa de retomar a calma e, quando consigo, 90% do problema foi embora. Mas não é sempre que eu consigo. E duvido que haja quem sempre consiga.
Agora vou adotar uma estratégia nova. Vou por pra fora, desabafar, reconhecer minha fraqueza, numa onda meio terapêutica. Como eu disse, eles trabalham pra que eu me supere. E quem sabe não funciona? Eu pensei sobre este texto há três horas e fui dar a última mamadeira do dia com ele na cabeça, ensaiando mentalmente. E sabe o que meu amorzinho fez? Dormiu. Virou pro lado e dormiu. Tipo anjinho. Engraçadinho. Diferentão.