Dia 20/52

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(Dia 20) Se alguém me sugerisse sentar com os meninos em frente à TV pra vermos um filme rodado nos primeiros anos da década de 1960, eu talvez achasse uma loucura, "eles nunca vão prestar atenção", mas quando eu vi o trailer de “O retorno de Mary Poppins” e senti aquele friozinho na barriga, decidi que ia, primeiro, mostrar pra eles o original. Sim, eles vibram mesmo é com os filmes de herói e as franquias mais batidas, mas a gente tem aqui em casa uma política de passar pelos clássicos, de aproveitar as chances que os clássicos nos trazem, então combinamos que seria hoje, "vamos fazer que nem cinema", e fui pro sofá de coração aberto e pipoca na mão. Explicamos um pouquinho sobre o filme, a época em que foi feito, Londres, a magia da personagem, disse que era um dos filmes mais importantes da história dos musicais, e o resto deixei com eles. Foram pouco mais de duas horas de alegria, riso, entusiasmo, perguntas, mais riso, uns sustos, e etc, e etc - o mesmo rol de emoções que, provavelmente, sentiram os meninos e meninas que viram o filme nos cinemas de rua da década de 60. 

Nem precisei explicar nada no final, foram eles mesmos que concluíram que o que Mary Poppins fez foi levar alegria pra aquela casa, e que foi essa alegria que fez com que o pai das crianças visse tudo de um jeito diferente. Também observaram que os olhos das crianças têm mais predisposição para enxergar a magia, para acreditar nela, e inclusive debateram se era magia mesmo, ou imaginação, e concluíram que tanto faz. Não reclamaram dos efeitos especiais duvidosos, do chromakey esquisitíssimo, do tamanho do filme… Riram das crianças, se imaginaram no lugar delas, adoraram o sapateado, planejaram ansiosos ver o filme novo. Mais tarde, na hora de arrumar o quarto, o menino inclusive estalou os dedos, vezes e vezes, aí riu de si mesmo e me pediu: "vai, mãe, tenta você.. quem sabe não é você que tem o poder da Mary Poppins?"