A primeira vez
/É nata a habilidade do bebê de testar os limites da mãe na hora de dormir. É assim desde a maternidade, e elevamos isso à máxima potência nas proximidades dos dois anos, porque ele não só chora, como antes, mas agora também fala, canta, faz perguntas e percorre todo o berço em uma lógica que é só dele.
- Mamãe, cadê bico? - ele pergunta, antes de responder pra si mesmo - Jogô no chão!
- Mamãe, a música bô!
- Mamãe, bilha bilha estelinha!
- Mamãe, momão (meu + irmão) mimiu!
- Mamãe, papai chegô..
- Mamãe, upa!
- Upa? Tá na hora de dormir, filho… Mamãe te ama, mas agora vamos dormir.
- Upa, mamãe - ele repete no escuro, com os braços irresistivelmente esticados em direção à mãe, que só pede a Deus uma caminha. No meio do abraço, ele diz mais alguma coisa.
- Heim? Tira o bico, amor. Assim a mamãe não entende. Isso. Agora fala, o que é?
- Te amo, mamãe!